Sagitário é a vontade firmada de que vale sempre a pena viver , de que vale sempre a pena acreditar que o copo está meio cheio , porque mesmo que não esteja, a crença apaixonada de que está, torna tudo mais suportável, mais interessante, desafiador e estranhamente divertido.
Quando olhamos para o alto e nos apercebemos da cúpula perfeita que nos rodeia de maravilhosos espectáculos naturais, dia após dia, noite após noite, é fácil querer acelerar o passo em regozijo com tanto mais que existe, sempre, para o além do que se conhece.
Quando olhamos ao nosso redor e absorvemos as enigmáticas diferenças entre povos e nações, com o seu complexo sistema de existência cultural, rico de sabores, cores, festejos e tradições , antigas escrituras, imponentes monumentos, arquivos de tanta história, sabedoria e conhecimento sustidos por todo e qualquer lugar, é fácil explodir em euforia, querer comprar um bilhete de avião ,sem destino, pois qualquer que este seja, será sempre magnificente, deliciosamente atractivo pela experiência que por si só trará.
Neste campo de expressão arquetipica não existem barreiras, detalhes, porque sim ou porque não, problemas que não sejam considerados oportunidades e obstáculos como motivação de ir além de qualquer pressuposto limite.
Afinal a regência de Júpiter implica o fenómeno de expansividade e uma certa postura de provocação muitas vezes tida como arrogante, outras como uma admirável força de confiança que move e une a distância entre o Homem e Deus, a Terra e o Céu.
Aqui conhecemos o fenómeno da sabedoria ganha através da experiência directa de vida, os passos trilhados , os recantos visitados, os corações tocados, todos unem o conhecimento racional. lógico, metódico, frio e impessoal ( Mercúrio) com o instintivo, espirituoso, fantástico, alimentado por uma sede inesgotável de nunca parar de saber ou conhecer.
Aqui conhecemos, também, o forasteiro eternamente a procura de uma bússola de orientação que dentro de si já existe , uma resistência feroz alimentar raízes , um desconforto para com o confortável, um incomodo com o apelo a profundidade de ligação emocional/relacional e uma evasão contestatária da sua sombra e a dos outros.
Se compreendermos que no seu inconsciente a memória de Escorpião permanece, ainda bastante activa, conseguimos talvez contextualizar melhor este síndrome de fuga pelo qual são tão conhecidos e que por observação pessoal também percepciono.
A mutabilidade expressa sempre uma função dual, sendo que a mesma nasce do cruzamento de energia cardinal ( iniciação) com a fixa (cimentação) , dificultando uma possível assertiva definição quando na sua própria origem pressupõe-se a multiplicidade e distribuição.
Algo que Gémeos, Virgem e Peixes partilham com Sagitário.
É muito interessante perceber o modo mutável em tempos onde este se encontra acentuadissimo.
A horas de uma Lua Cheia em Gémeos,a inaugurar a quadratura entre Saturno no signo do Arqueiro e Neptuno em Peixes, aspecto esse bastante presente durante todo o próximo ano, Júpiter e agora o nodo norte da Lua em Virgem..... podemo-nos sentir facilmente no risco eminente de naufrágio, senão afundados já, num oceano disperso e confuso de tantos caminhos e possibilidades.
De algum desencanto com aquilo que outra hora fundamentalmente iluminava todo o nosso caminho.
De súbito esse mesmo caminho e a nossa percepção do mesmo desintegra-se e tudo o que segurávamos com absoluta certeza e verdade esvai-se por entre dedos.
Aqui a mira de Sagitário encontra-se desfocada e para onde lança a sua seta , torna-se uma perigosa incógnita ou uma fascinante revelação do poder de contacto com a referida bússola interna.
Que age grandiosa pela conexão indescritível com a fé.
Fé essa longe de estar baseada em doutrinas, dogmas, associada a um código ideológico, religioso qualquer.. não, a verdadeira fé que a expressão mais elevada de Sagitário consegue alcançar é mais uma vez , aquela que é directamente sentida através da experiência, movimento e observação.
O conhecimento intuitivo de leis universais , de como nos movemos e participamos no grande esquema, de como existe um senso de propósito tão óbvio e ainda assim tão difícil de alcançar, e a eterna jovial vontade de percorrer qualquer distância pela promessa de um dia o conseguir fazer.
Talvez seja esse o grande compromisso dos seus corações e o contracto com a sua alma que dificulta o espaço necessário para albergar outras promessas pessoais que parecerão sempre menores.
O senso de propósito e significância da perspectiva de vida que até aqui teríamos está sobre o pulso de ferro de Saturno, o que implica várias crises de fé e de momentos onde realmente podemos por em causa que exista qualquer significado para a condição humana, porque é nos pedido maturidade e responsabilidade sobre um forjado, arcaico, sistema de crenças que andamos a alimentar individualmente , que por consequência, se reflecte no panorama colectivo, a xenofobia, a loucura e o exagero instalado sobre as diferenças existentes entre meros princípios abstractos, o síndrome de pregar ao próximo valores morais baseados na sobre identificação própria com aquilo em que se acredita...
O cepticismo,a desconfiança, a inibição do fogo mutável que encontra como delicada saída o confronto com as águas martirizantes de Neptuno, onde a chama terá de se deixar submergir, arriscar apagar-se, na redenção com a subtileza de forças transpessoias e inconscientes em jogo na senda pessoal e colectiva para por algum senso e sensibilidade no que se passa ao nosso redor.
A dissolvência das estruturas que ainda impossibilitam a união universal dos seres a um nível de comunhão, compaixão e amor por todas as diferenças existentes, pois todas nascem e quedam-se na mesma fonte .
Então que real diferença existe entre nós?
Fronteiras? Leis? Instituições?
Tudo aquilo a que assistimos no escrutínio massivo de ondas de medo, do que amanhã nos trará, é um reflexo da onda de Neptuno em Peixes, de que não se trata de fugir, por mais assustadora e caótica que ela possa parecer, e com Neptuno garante-se que o mais provável seja mesmo uma ilusão de óptica, mas antes respirar fundo, abrir os braços, fechar os olhos e deixarmo-nos flutuar na corrente mutável que procura apenas abrir um caminho de amor maior .
No entretanto iluminemos a nossa consciência que se prontifica com a Lua cheia em Gémeos, conseguimos ver, pensar, entender o quanto vivemos numa realidade polarizada?
O quanto relativo é assumirmos que sabemos alguma coisa?
Sobre nós e os outros, a minha ideia e a tua filosofia, a minha sombra e a tua luz?
" Só sei que nada sei " embora já algo cliché, não deixa de facto de ser um bom mote para a proposta de momento planetário.
Mas não esquecendo o fervor Sagitariano, a essência da inspiração iluminada .
Comigo um simples passeio pela cidade, curiosa com o facto da iluminação natalícia ter acontecido mais cedo que o habitual inicio de Dezembro, mas bela e sincronicamente em compasso com o ingresso do Sol em Sagitário, acabou por ser a força motivadora para escrever este texto.
A cada passo dado, a cada luzinha acesa , uma infindável barca de sensações invadiu-me, na certeza sagitariana, de que iria escrever sobre o assunto, nem que fosse pelo facto de o exagero de decoração natalícia este ano ser especialmente interessante .
A fome de luz , alegria e esperança disposta a cada canto físico em metáforas e hipérboles tão consonantes com o momento que vivemos.
2 dias antes confessara o meu presente desencanto, com uma altura do ano que anteriormente sempre mexera com o meu intimo e oculto sentido de fé e optimismo. ( regente 8 casa)
2 dias depois debaixo de uma enorme espiral de luzes , com a perspectiva do meu lugar na terra e olhos postos no céu , senti-me tão pequena sobre o microscópio universal e ainda assim tão elevada pelo privilégio da minha participação no mesmo, que quis rir e chorar ao mesmo tempo.
Partilho isto no enquadramento de como a astrologia, no minha impressão, pode ser tão dinâmica e consegue ser sentida, observada , explorada, intuída muito além do conhecimento teológico, pois este depende do nosso nível de identificação e compreensão de camadas a que apenas o individuo consegue aceder.
Então Dezembro podemo-nos testar ao seguinte, em vez do caminho mais óbvio neste sentido -----» EU ACREDITO, EU SEI, EU DIGO, EU APRENDI,«------- Tentemos este -------» O que desacreditamos? O que não sabemos? o que não dizemos? o que nos permitimos desaprender?«---------.
Já percebemos que somos todos paradoxalmente estudantes e professores , aprendizes e mestres, democratas e ditadores, refugiados e albergadores?
=)
I know im crazy , weird and kind of amazing.
Thank you.
So are all of you.
Cause u're another me and im another you.
Happy full moon *
Sarah Moustafa